Faz-te ao Largo

(Post original em 17/04/2007)

E fui e fui... e FIZ-ME AO LARGO.

Fui a pensar ser um jogo, tipo big brother, mas quando chego, afinal onde estava o largo??? Não o via. Uma casa, ruas, uma igreja, campos, rios, uns passarinhos, uiui que passarinhos que lá andavam, mas largo ta quieto... Como me iria fazer a uma coisa que não conseguia encontrar??? Eu que já levava a estratégia toda delineada, nem as mini-saias e os altos decotes que trazia na mala me podiam ajudar enquanto não o identificasse, é que nem uma rotundazita lá estava para eu por em funcionamento todo o meu plano de sedução. A única solução que iria satisfazer a minha ânsia ganhadora, seria procurá-lo, e perceber onde ou o que poderia ser o Largo...
Pensei: "Talvez o largo seja um membro da equipa...". Era bem possível... Márcio Largo da Conceição?... Até lhe ficava bem... Liliana do Largo? hmm... Rui, Romi... Largo... Piscadelas, e pernoca à mostra resultaria? Seria um membro do grupo infiltrado?? As possibilidades estavam todas em abertas, o jogo não era tão fácil.

Então tentei ir pelas pistas que me davam, tentando encontrar a resposta aí, e em mim. E não foi nada fácil, foi caso para dizer uiuiui uiui... Muito sentimento controverso passou pela minha cabeça, pensamentos de tudo o que gosto e não gosto em tudo e todos (mi too, mi principalmente, para dizer a verdade acho que foi mesmo praticamente só no mi que pensei, apesar de ter existido uma ou outra altura que também tenha pensado no ré sustenido de sétima aumentado). Momentos em que me quis revoltar e arriscar tudo de uma vez, como quem se mete numa casal 4 que não pega à primeira e decide parar mesmo no meio de Espanha da Diocese de Aveiro (à corajoooosoooo). Ou fazer a mesma travessia sentado num ponta-a-lés.
Revolto-me comigo, com o que sou quando comparo com o que quero ser, com o que desejo e com os meus medos. Turbilhão de sentimentos que me deixam confuso com o que sou, o que sinto e para com quem os sinto (cuidado que isto também pode ser para ti :p). Deixa-me confuso a maneira como Deus se mete comigo, e as alturas que ele escolhe para o fazer. Como se às vezes chegasse ao meu lado, com uma faquita na mão, e me desse uma espetadela. Depois enquanto me contorço com dores como que me diz com um sorriso na cara: “Como é amigo? Vê se acordas para a vida”.

Depois chegou a calma. Primeiro senti-me aldrabado, o Largo não estava ali. O jogo era uma farsa, pois não seria resolvido em dois dias. Mas por outro lado consegui acalmar, fazendo o que Deus me pediu... descansar... Calma e Paz, partilhar, dar e receber, relaxar, sorrir, e mesmo rir às gargalhadas. Foi bom rir, assim como foi bom estar em família com pessoas conhecidas. E mesmo com pessoas que nos visitaram. Essas, que me fizeram ficar abanado com a expressão de amor que traziam consigo. Inexplicável...

Consegui deixar a revolta de lado e tentar dialogar com os meus medos e as minhas duvidas, em vez de estar à luta com eles. Tive a audácia de fazer como numa letra do Jorginho que diz:

"Sentei à minha mesa
os meus demónios interiores
falei-lhes com franqueza
dos meus piores temores
tratei-os com carinho
pus jarra de flores
abri o melhor vinho
trouxe amêndoas e licores

chamei-os pelo nome
quebrei a etiqueta
matei-lhes a sede e a fome
dei-lhes cabo da dieta
conheci bem cada um
pus de lado toda a farsa
abri a minha alma
como se fosse um comparsa

E no fim, já bem bebidos
demos abraços fraternos
de copos bem erguidos
brindámos aos infernos
saíram de mansinho
aos primeiros alvores
fizeram-se ao caminho
sem mágoas nem rancores"

Lindo não era???? teria sido se eles não tivessem insistido em continuar:

"Adeus, foi um prazer!
disseram a cantar
mantém a mesa posta
porque havemos de voltar"

E eu sei que eles iam voltar. Sempre soube que ali não iria resolver nada, e nunca fui para lá com essa intenção, nem saí de lá com o sentimento de tudo resolvido, tudo está/vai ficar bem.

E não é que eles voltaram mesmo? ainda nem tinha sequer entrado no carro para vir para casa, e lá estavam eles a bater novamente à porta. Filhos da mãe esfomeados... Se queriam vir logo tinham dito, agora aparecer assim de surpresa quando não estava propriamente à espera deles, não se faz a ninguém... E já agora podiam ter dado um pouco de descanso... Tratamo-los uma vez bem, até parece que ficamos amigos, e estão logo a abusar, não se lhes pode dar mesmo confiança.
Mas enfim, não os esperava tão próximo, nem sequer posso dizer que estava preparado (ninguém se prepara para aquilo). Mas hoje estou... reencarnei no espírito do FAL... os meus medos e as minhas dúvidas continuam, mas por dentro sinto um sorrisito no coração que me diz é possível acreditar... e tentar ajudar algumas pessoas que precisam de mim... com calma, serenidade, tranquilidade e muita força interior...

Continuo à procura do meu Largo, mas sinto que ganhei o jogo. Eu e todas aquelas pessoas da foto

Por isso amigo, o único conselho que te dou é... Quando vires um "Largo"... Faz-te...

Põe-te a mexer
uiuiuiuiui uiui ui