- É de casa do Srº Gonçalo?
- É o próprio.
- Srº Gonçalo, chamo-me (...) e estou a telefonar-lhe para o convidar a assistir a (...) hoje às 18 horas.
- Com certeza. Posso levar um doce?
- Srº Gonçalo, não é necessário trazer nada. Basta vir.
- Mas eu não gosto de ser convidado e não levar nada. Não fui assim educado. E ainda por cima a minha mãe acabou de fazer um doce excelente, e olhe que isto é coisa rara - Por isso, se não se importa levo uns frasquinhos com doce. Têm pão, ou é preciso levar?
- Sr. Gonçalo (pausa para suspiro) Trata-se de uma apresentação de um produto, para o qual estamos a convidar apenas pessoas seleccionadas e o Sr. teve a felicidade de ser escolhido.
- Bom, já percebi. É uma coisa assim mais formal, certo?
- Sim.- responde, com um suspiro de alívio.
- Nesse caso, o melhor é então levar uma garrafinha de vinho do Porto. E têm pão?
- Está a gozar comigo? - pergunta ela, irritada.
- Peço muitas desculpas se a ofendi, garanto-lhe que não foi essa a minha intenção. E se for uma garrafa de Champanhe, do verdadeiro? Sou também capaz de arranjar uma latinha de caviar, mas acho que é falsificado. Assim já serve? E têm pão?
- Se não quer vir bastava dizer, não precisava deste teatro todo. - reage a moça, irritada.
- Agora é vossemecê que me está a ofender!! Se acha que não tenho condições para ir à sua festa fina, podia ter dito logo! Eu sou uma pessoa simples! (fungadela) Era com muito sacrifício que estava a oferecer o que de melhor cá tenho em casa! (fungadela) E a senhora aparentemente acha pouco! (fungadela) Assim sendo, tenha uma muito boa tarde e espero sinceramente que tenha pessoas na sua festa, porque com esses seus critérios de selecção não sei se tal vai acontecer! (fungadela) ADEUS!
- Sr. Gonçalo. Talvez eu não me tenha feito entender correctamente. Vamos começar do inicio. Pode ser?
- Sim...(fungadela)
- Apenas queremos que o Sr. venha conhecer o nosso produto hoje. Nada mais. Podemos então encontrarmo-nos às 18 horas?
- Ok...... Têm pão?
(...)